Multidões atormentadas, corações inquietos, almas indecisas perguntando pela justiça de
Deus espalham-se pelo planeta.
Caminhando na longa jornada evolutiva, deparamo-nos com doentes e desalentados
esperando a intervenção Divina e, na condição de necessitados, aguardamos
cuidadosamente, no íntimo da acomodação, a manifestação do Alto, a nosso favor,
esquecendo-nos de que Jesus é o Amigo renovador que transforma, convidando-nos mais
para alçar às esferas mais altas.
Fica claro para nós que os discípulos que conviveram mais diretamente com o Cristo,
recebendo o impulso renovador, experimentaram verdades extremamente entendidas,
vivendo no mundo, mas fora dele, transformando seus objetivos e o sentido de suas
existências. No curso do tempo, os apóstolos dispersaram-se, ensinando em várias regiões
que “mais vale dar que receber”. Assim, os séculos se passaram e suas obras resistiram e
continuam a ser espalhadas como sementes. Todavia, entendemos que viver hoje os
ensinamentos de Jesus ainda nos é difícil, porque as dificuldades estão dentro de nós, por
tomarmos atalhos que mais satisfazem nossos interesses, desejos e caprichos imediatistas.
Então, como poderemos resistir a esses impulsos? O desafio é grande e está exatamente
em sair do comodismo, aceitando o sofrimento como uma alavanca que nos impulsiona,
combatendo as paixões do mundo com vontade firme, confiando sempre, acreditando que
os puros de coração serão bem-aventurados e verão a Deus. Mas, na verdade, até o
momento, não amenizamos as agressões, não conseguimos perdoar com facilidade, não
toleramos as falhas alheias e nem procuramos diminuir a miséria do mundo, porque ainda
precisamos entender que “fora da caridade não há salvação”.
A mensagem redentora trazida pelo Mestre representa, a cada um de nós, o remédio para
todos os males, pois, o Evangelho exprime um patrimônio precioso que indicará o caminho
a ser atingido, mais cedo ou mais tarde: a compreensão à elevada destinação que nos
aguarda.
Entretanto, muitas vezes nos perdemos nas estradas sinuosas da existência, porém,
sempre haverá novas oportunidades de recomeçar a jornada ao encontro de Deus.
Em certa ocasião, Jesus convidou-nos: “Vinde a Mim todos vós que sofreis e vos aliviarei”.
Assim, através do tempo, todos nós, imperfeitos, O procuramos: os oprimidos, os aflitos, os
doentes, os perseguidos, os desamparados, os tristes e toda uma legião de sofredores, a
fim de ouvir-Lhe as instruções. E o Mestre, suavemente nos reconforta e esclarece,
mostrando-nos a trajetória para chegar até Ele. Reergue o nosso ânimo e nos guia para a
verdade, iluminando nossos corações e inteligência.
O meigo Rabi traz consigo a fé e o otimismo, que tiveram seu início na estrebaria singela e
continuam até hoje, porque sabe o que existe em nós, conhece nossa pesada e escura
bagagem do pretérito e, mesmo assim, não deixa de nos estender amorosamente Suas
mãos. Por isso, é imprescindível viver esses ensinamentos através de nossas renovações,
ainda que passo a passo, para um novo amanhecer, apoiados e sustentados na fé e na
misericórdia Divina.
Estamos na senda evolutiva do aprimoramento, onde a mais profunda felicidade será vivida
nas oportunidades infinitas de servir, desprendendo-nos e nos doando sempre, aumentando
a capacidade de amar e de nos integrar à vontade Maior.
Um dia chegaremos a nos identificar com todo o Universo, pois viveremos e sentiremos os
ensinamentos benditos, anunciados: “Eu e o Pai somos um”; “Eu sou o Caminho, a Verdade
e a Vida” e “Ninguém vem ao Pai senão por Mim”. (João, 14:6)
Desta forma, entenderemos que somente em Jesus encontraremos força necessária para
domar nossas paixões, pois só Ele tem a verdade que esclarece, a vida que alimenta e o
caminho que nos conduz a encontrar Deus em nós.
Renovemo-nos, pois, em Cristo, seguindo-O nas lições abençoadas, bendizendo os
empecilhos da marcha e conservando a esperança, a fé e a alegria na transformação do
tempo, em dádivas do bem-estar maior. A verdadeira renúncia, perceberemos, não está na
desistência da luta edificante, e sim, no trabalho silencioso ao auxílio àqueles que nos
propomos auxiliar.
Em matéria de renunciação, não nos esqueçamos do exemplo do Mestre que, vilipendiado,
escarnecido, dilacerado e crucificado, renunciou a alegria de permanecer em Seu divino
apostolado, aceitando o sacrifício, voltando aos discípulos enfraquecidos, para revelar Seu
excelso e sublime Amor por toda a humanidade.
A Terra é grande escola para nosso Espírito, um livro enorme em que poderemos ler a
mensagem do Amor Universal que o Pai nos envia, desde a gota de orvalho até a luz do sol
que brilha a todos. Desta maneira, poderemos sentir o apelo da Infinita Sabedoria ao
serviço de cooperação a todos os nossos irmãos em humanidade.
O sinal dos novos tempos que se avizinham está visível aos olhos de todos, e com os
conhecimentos evangélicos que já possuímos, estaremos capacitados a reconhecer esses
ciclos. Sejamos uma carta viva do evangelho através do esforço e vontade, a fim de sermos
verdadeiros seguidores e servos de Jesus, batalhando para que Seus ensinamentos
encontrem guarida em nosso mundo e que se efetivem o Seu reino de glória e de
fraternidade, unidos, para fazermos parte do imenso rebanho que obedecerá a voz de um
só pastor.
Temi Mary Faccio Simionato – Nossa jornada e o tempo
– O Consolador, N.º 546 – 10/12/2017
Bibliografia:
Godoy Paulo Alves – Livro: Quando Jesus teria sido maior?, (pags 7 e 15).
Schutel Cairbar – Livro: Parábolas e ensinos de Jesus, (2ª parte, pag. 360)